
Por
Erika Janes, para o site
WomensRunning.com
Faith Braut ficou emocionada quando conseguiu entrar na 2019 NYC Half. Uma ávida corredora e três vezes maratonista, Braut, 45, de Suffern, Nova York, esperava que a corrida fosse um ponto brilhante no que havia sido um ano difícil para ela. Ela postou fotos de novos tênis de corrida no Instagram, atualizações sobre seu treinamento e até postou uma foto da medalha de finalista que esperava ganhar. Mas dois dias antes da
prova ela postou outra atualização menos feliz: uma dizendo a amigos e familiares que, devido a uma lesão que sofreu duas semanas antes, ela decidiu não correr.
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Quando eu correr esta prova, quero iniciar, aproveitar e terminar com confiança", escreveu ela no Facebook.
Como corredores, muitos de nós passamos muito tempo nos preparando física e mentalmente para grandes provas. Como atletas, nos orgulhamos de uma mentalidade de "
nunca desista". Mas e se às vezes a melhor, mais saudável e inteligente decisão for desistir de uma
prova? E se largar ou avançar até o final não forem o movimento certo?
Claro, você deve sempre seguir seu instinto (para não mencionar qualquer conselho médico profissional), ao decidir se deve começar ou terminar uma
prova, mas aqui estão cinco situações específicas que valem a pena considerar para qualquer corredor.
Você não treinou adequadamente.
Correr uma maratona ou outra distância nova para você? Seja honesto sobre seu treinamento. "
Respeite a distância", diz Daphne Matalene, treinadora de corrida de Nova York e qualificada para Boston. "
Você não pode ir de qualquer jeito. Você tem que fazer o treino antes de aparecer na linha de partida".
O que significa "
o treino" exatamente? As filosofias de treinamento diferem, mas Matalene diz: "
Eu não gostaria de começar uma maratona a menos que tivesse pelo menos duas - de preferência três - semanas em que corri pelo menos 55 km. E você não precisa fazer um milhão de corridas de 32 km, mas um maratonista de primeira viagem realmente deveria correr 32 km uma vez antes de largar".
Você está lesionado.
É importante avaliar seu corpo, bem como a distância e o percurso da
prova, ao tomar a decisão de iniciá-la ou terminá-la. Se você não tiver certeza se o que está sentindo é uma lesão, consulte um médico para descobrir. Começar uma
prova com dor pode transformar um pequeno problema em algo muito mais sério.
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Uma grande regra prática é: se você se sente melhor à medida que se aquece, provavelmente é menos preocupante do que se piorar", diz Matalene. Uma milha fácil de aquecimento antes da
prova ou até mesmo uma corrida fácil no dia anterior deve ajudá-lo a determinar em qual categoria você se enquadra.
A distância e o terreno também contam aqui: correr 5 km difíceis ou uma
prova com muitas seções de descida pode ser mais prejudicial para um tendão ou quadríceps já dolorido, por exemplo, do que uma meia maratona mais lenta e fácil ou uma pista de corrida plana.
E lembre-se: se você estiver correndo uma
prova de longa distância, é mais fácil decidir não começá-la do que desistir no meio do caminho porque uma lesão está piorando progressivamente.
O músculo da panturrilha esquerda de Braut estava tão dolorido que mesmo com duas semanas de fisioterapia, ela dizia: "
Eu simplesmente sabia que não ia acontecer. Eu queria começar e terminar e não ter que desistir, e sabia que nunca iria terminar: minha perna teria cãibras".
A prova pode atrapalhar seus objetivos de longo prazo.
Para Matalene, a qualificação para a Maratona de Boston era um objetivo há muito tempo, e um que ela pensou ter alcançado em 2014, até saber que havia perdido o corte por 32 segundos. Avanço rápido para a Maratona de Hamptons 2017: um evento perto de sua casa, com um percurso plano que os corredores elogiam. Ela voltou a mirar no tempo de qualificação de Boston.
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Eu fiz todo o trabalho, todas as corridas de 32 km. Eu estava pronta para ir", diz ela. "
Então, no dia da prova, fez 30 graus".
Era claro para Matalene que ela não estava atingindo seu ritmo alvo, e se fizesse outra volta do percurso só iria ficar mais lenta. Então ela tomou a ousada decisão de desistir logo após a marca de 23 km e guardar seu corpo para um outro dia que oferecesse melhores condições.
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Eu sabia que era a coisa mais inteligente a fazer", diz ela. "
Sei que posso terminar uma maratona e não precisava provar isso a ninguém. Eu não tinha atravessado um oceano para participar da prova, não eram as Olimpíadas. E para atingir meu objetivo, foi mais inteligente preservar minhas pernas e manter minha forma física".
A estratégia valeu a pena: três semanas depois, ela entrou em uma maratona em Hartford, Connecticut, e em um dia nublado com temperaturas na casa dos 10 graus, fez um recorde pessoal por 14 segundos e
se classificou confortavelmente para Boston.
O clima fica desagradável.
Mais de 1.000 corredores desistiram da Maratona de Boston de 2018, e não é exagero dizer que o
clima provavelmente desempenhou um papel importante na maioria dessas desistências. Embora condições graves, como raios, provavelmente resultem no cancelamento de uma
prova, todo corredor precisa usar seu melhor julgamento, assim como ouvir as dicas de seu corpo, para determinar se iniciar ou terminar uma
prova é a decisão certa.
Ruth Rickey, 56, de Oklahoma City, Oklahoma, estava correndo a Williams Route 66 Half há alguns anos, quando o clima - que ela estima que estava na casa dos 20 graus com um vento frio que a levou de volta à adolescência - começou a afetar seu desempenho. Rickey, uma sobrevivente do câncer, não percebeu na época, mas uma reação a um medicamento para leucemia também tornou difícil para ela respirar adequadamente e, a 3 km da linha de chegada, suas mãos estavam tão frias que ela decidiu parar.
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No quilômetro 12, eu poderia virar à esquerda e ir para o estacionamento ou virar à direita e terminar com meus amigos", diz ela. "Eles foram para a direita e eu fui para a esquerda. Cheguei ao carro e minhas mãos estavam tão congeladas que não senti nada. Eu literalmente não conseguia dobrar meus dedos ou fazer minhas mãos funcionarem".
Em um caso como este, é apropriado desistir.
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Numa situação de frio extremo, se estiver a tremer incontrolavelmente ou se os seus dedos ficarem roxos, pare e enxugue-se", diz Matalene.
E se estiver muito, muito quente? Conheça e preste atenção aos sinais de exaustão pelo calor. Procure a assistência médica da
prova, se necessário.
Seu cronograma de provas é muito agressivo.
Se você está agendando provas muito próximas, terminá-las pode ser o objetivo.
Carolyn Montrose Dub, 40, de Haworth, Nova Jersey, pode atestar. Montrose Dub correu a NYC Half em março de 2017 e estava programado para correr a Rock 'n' Roll Nashville Half, com passagem aérea e hotel reservado, quando ela decidiu tentar bater seu recorde pessoal em uma
prova de 10 km local. Na marca de cinco quilômetros, sua banda iliotibial travou e torceu seu joelho, e ela mal terminou a
prova.
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Nas semanas que se seguiram, tentei todas as soluções rápidas que pude encontrar: terapia, tratamento a laser, massagem, rolo de espuma, cintas de compressão, cremes anestésicos tópicos, alongamentos, banhos de gelo, saunas... tudo isso porque eu queria correr em Nashville", diz ela.
Nada ajudou, mas Montrose Dub voou para Nashville e tentou correr/caminhar de qualquer maneira. Ela terminou, mas admite: "
Foi desastroso. Meus flexores do quadril estavam pegando fogo, a banda iliotibial congelada e meu corpo parecia quebrado. E depois de Nashville, fiquei afastada por seis mese s".
Em retrospecto, ela diz: "
Eu nunca recomendaria minha estratégia de Nashville a ninguém. Ter paciência com o corpo e tomar atitudes recomendadas por um profissional são as melhores estratégias. Sempre haverá outra prova".
De fato, a promessa da próxima
prova pode ser o lado positivo de não começar ou terminar esta, especialmente quando você está confiante em sua decisão.
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Até hoje", diz Rickey, "
não me arrependo de virar à esquerda".