
O quão duro precisamos fazer um
treino? Precisamos forçar os limites da fadiga, fazer nossos atletas experimentarem um novo nível de desconforto, "chacoalhar" o sistema com um novo estímulo?
É uma questão que eu sempre pondero. Poderíamos responde-la mergulhando no mundo do estresse e da adaptação, ou talvez examinando as pesquisas sobre o treinamento até a falha no levantamento de peso. Ambas as áreas forneceriam alguma orientação, mas recentemente encontrei a resposta fazendo uma pergunta diferente:
Como aumentamos a felicidade?Imagine por um segundo que você ganhou na loteria. De repente, você teria à sua disposição um dinheiro que mudaria sua vida. Você poderia pagar a hipoteca, comprar um carro novo e fazer aquela viagem ao Taiti com a qual sempre sonhou. Certamente, seria mais feliz.
Um
estudo clássico perguntou, e depois respondeu, a ambas as perguntas. Ao comparar um grupo de ganhadores da loteria a um grupo de controle, os resultados foram bastante claros. Os vencedores da loteria tiveram um salto momentâneo de felicidade antes de voltarem ao seu nível original, não diferente do nível de felicidade do grupo de controle.
Pesquisas recentes validaram amplamente essa descoberta, com diferentes grupos descobrindo que ganhar na loteria não tem efeito sobre
a saúde mental ou a
felicidade, embora algumas pesquisas tenham encontrado uma conexão com a satisfação com a vida.
Aventurando-se além dos ganhadores da loteria, quando se trata de mudar os níveis de felicidade, a pesquisa mostra que a frequência é mais importante do que a
intensidade.
De acordo com os psicólogos William Compton e Edward Hoffman, "
sentir consistentemente um bem-estar subjetivo moderado parece ter um efeito mais benéfico do que uma experiência ocasional de êxtase".
Em outras palavras, se você deseja impactar seu nível de felicidade, o segredo está no comum. Nas práticas, atividades e rotinas do dia a dia que você estabelece. Aquelas férias de sonho funcionam, por um curto espaço de tempo, antes de você se adaptar e voltar ao normal.
Então, o que isso tem a ver com o quão difíceis devem ser os treinos? Essa analogia permanece verdadeira para faixas de desempenho. Temos a tendência de pensar em um grande
treino como a chave para a adaptação. Para ficar mais forte, mais rápido e mais resistente, precisamos fazer um
treino impressionante. Afinal, é do que lembramos quando temos uma prova de sucesso. O grande
treino deve ter feito a diferença.
Mas é o comum, levantar todos os dias e fazer nossas corridas ou exercícios, independentemente da dificuldade, o que mais importa. É a consistência. É aparecer, mudar seus hábitos para que os exercícios passem a fazer parte da rotina, o que provavelmente impacta mais nosso desempenho. O simples nos leva a 95% do caminho para nossas metas de desempenho. Os poucos por cento finais, ou seja, os treinos incrivelmente exigentes, parecem contribuir mais. Entretanto, isso é uma fachada, um truque da mente, graças em grande parte ao modo como nossa memória funciona. Graças à
regra de pico e fim, lembramos o que aconteceu por último e o período mais intenso de emoção ou dor. Nós nos lembramos dos treinos "para ver Deus" e o que fizemos durante os poucos dias que antecederam a nossa grande competição. Não nos lembramos do que fizemos em uma terça-feira aleatória, três semanas atrás.
Então, respondendo à questão de quão difícil deve ser nosso
treino duro: forte o suficiente para estressar seu corpo, mas não tanto que você não consiga repeti-lo semana após semana, mês após mês. Porque o segredo está na frequência.
Sim, de vez em quando, podemos precisar de um prêmio de "férias" ou "loteria" para impulsionar nosso treinamento. Para nos dar um momento de "êxtase". Entretanto, se passarmos a nos apoiar nisso, estaremos nos preparando para o fracasso. Lembre-se, quando se trata de felicidade e exercícios: a frequência é mais importante do que a
intensidade.
Traduzido do site ScienceOfRunning.com