Mitos sobre prevenção de lesões que precisamos esclarecer com um fisioterapeuta

Por
Stacey Gross, para o site
RunToTheFinish.com
Quando se trata de lesões na corrida, há muitos conselhos circulando por aí, alguns úteis, outros... nem tanto. A parte complicada? É fácil se prender a informações desatualizadas ou simplesmente equivocadas, que acabam fazendo mais mal do que bem. Então, é hora de acabarmos com alguns desses mitos sobre prevenção de lesões.
É por isso que trouxemos alguém que realmente entende do assunto. Em um episódio recente do
podcast Tread Lightly Running, conversamos com
a Dra. Victoria Seckley, fisioterapeuta, treinadora de corrida e preparadora física, sobre alguns dos mitos mais comuns em que os corredores acreditam quando se trata de prevenção de lesões.
Com quase uma década de experiência ajudando corredores a se movimentarem e se sentirem melhor, ela trouxe o tipo de percepção e honestidade que todos nós precisamos mais nessas conversas.
Estamos desmistificando alguns mitos neste post, mas você precisa assistir ao episódio para ouvir o resto.
Mitos sobre lesões que precisam ser desmascarados
Não faltam conselhos sobre corrida por aí, mas alguns deles podem te levar para o caminho errado, especialmente quando se trata de lesões. A realidade é que cada corredor e cada
lesão são um pouco diferentes. O que funciona para uma pessoa pode não funcionar para outra, e raramente existe uma solução única para todos.
Como treinadores, já ouvimos uma boa quantidade de mitos, alguns que nos fazem parar para pensar, outros que nos fazem pensar como eles começaram.
Antes de confiar demais em uma pesquisa rápida no Google ou em uma publicação em mídia social, vamos desmistificar três dos mitos sobre os quais conversamos com a Dra. Seckley.
Mito: Parar de correr é sempre a resposta
Uma das coisas mais frustrantes que um corredor pode ouvir?
"Pare de correr."Claro, repouso total pode ser necessário em alguns casos, como lesões por estresse ósseo, mas para a maioria das dores e incômodos comuns na corrida, esse conselho não é válido.
Segundo a Dra. Victoria Seckley, interromper todas as atividades nem sempre é a solução. Na verdade, manter um certo nível de corrida na rotina (com ajustes inteligentes) pode acelerar o processo de recuperação.
A chave? Gerenciamento de carga. Não se trata de suportar a dor, mas de encontrar o equilíbrio certo para que seu corpo possa se curar sem perder o progresso que você fez.
Este
estudo de pesquisa do BMJ Open Sport and Exercise Medicine discute como o gerenciamento de carga permite que os corredores mantenham seus níveis de atividade enquanto abordam os problemas precocemente, potencialmente evitando que pequenos desconfortos se transformem em lesões graves.
Infelizmente, muitos ambientes tradicionais de fisioterapia não são projetados para esse tipo de cuidado específico para atletas. É por isso que a Dra. Seckley incentiva os corredores a trabalharem com um fisioterapeuta que realmente entenda as demandas do esporte, alguém que não vai simplesmente te entregar um
exercício de clamshell para você fazer por seis semanas.
Dito isso, sabemos que o acesso a fisioterapeutas focados em corrida nem sempre é realista. Seja por causa do seguro, do custo ou do local onde você mora, muitos corredores acabam tendo que descobrir as coisas por conta própria.
Então, o que você pode fazer? Comece com um breve período de descanso para que as coisas se acalmem e, em seguida, volte a se movimentar lentamente. Preste atenção em como seu corpo responde e não tenha medo de se adaptar conforme necessário.
Mito: Pilates é treinamento de força
Este é um assunto quente nas redes sociais no momento, então é claro que tínhamos que falar sobre isso.
Sejamos claros: Pilates é um ótimo treino. É uma maneira fantástica de desenvolver o controle do
core, melhorar a mobilidade e retomar os movimentos com facilidade, especialmente se você é iniciante na corrida ou está se recuperando de uma
lesão.
Mas… não é treinamento de força.
O treinamento de força, especialmente para corredores, significa sobrecarga progressiva, levantando pesos cada vez maiores gradualmente ao longo do tempo para, de fato, desenvolver músculos e resiliência. Esse é o tipo de estresse que seu corpo precisa para lidar melhor com as demandas da corrida.
O Pilates pode deixar você dolorido (aqueles pequenas contrações não são brincadeira), mas o treino com repetições altas de peso corporal não fornece o tipo de carga necessária para sustentar um treino sério. Pense nele como um ótimo complemento à sua rotina, não como um substituto para o treino de força com resistência real.
Então, sim, faça Pilates. Mas se o seu objetivo é correr forte e evitar lesões? Não pule os
treinos pesados.Mito: Abastecer pouco não causa lesões
Se há um mito que poderíamos gritar aos quatro ventos, é este: abastecer de menos
pode causar lesões e até mesmo atrasar a recuperação.
Seja pulando o café da manhã, economizando nas
refeições pós-corrida ou simplesmente não comendo o suficiente ao longo do dia, não dar ao seu corpo o que ele precisa pode prejudicar seriamente seu treinamento.
E não, não importa se você está correndo 5 km ou se preparando para uma maratona; se você estiver se alimentando de menos, estará colocando seu progresso (e sua saúde) em risco.
Alimentar-se bem não é apenas para bater um novo recorde pessoal. É sobre se manter forte, saudável e capaz de comparecer a um treino após o outro.
Como a Dra. Victoria Seckley disse perfeitamente:
"A comida, não apenas o 'combustível', é o que ajuda seus músculos a crescerem, o que ajuda seu corpo a avançar".
Um
estudo publicado no Journal of Science and Medicine in Sport analisou dados de quase 6.000 corredores de longa distância e descobriu que a alimentação insuficiente, especialmente a ingestão insuficiente de gordura ou fibras, pode aumentar o risco de lesões. Corredoras lesionadas consumiam cerca de 450 calorias a menos e 20 gramas a menos de gordura por dia do que aquelas que se mantiveram saudáveis.
A lição? Comer o suficiente não se resume apenas à energia para as corridas; desempenha um papel fundamental na recuperação, na saúde hormonal e na prevenção de lesões.
Alimente seu corpo como se isso fosse parte do seu plano de treinamento, porque isso é verdade.
Não tem certeza se está ingerindo o suficiente? Temos
alguns sinais importantes para ficar atento e o que você pode fazer para garantir que está dando ao seu corpo o que ele precisa para continuar funcionando bem.
Estes são apenas alguns dos mitos que Victoria desvendou em nosso último episódio do
Podcast Tread Lightly. Da pronação ao lado mental da dor, passando pela possibilidade de pilates ser considerado treinamento de força, abordamos muitos assuntos, e você vai querer ouvir tudo.
A prevenção de lesões não se trata de encontrar uma solução mágica. Trata-se de entender seu corpo e tomar decisões que contribuam para seu progresso a longo prazo. Esperamos que este post e este episódio de
podcast tenham ajudado a desmistificar alguns desses mitos sobre prevenção de lesões.