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PitaCoelho - Quando descansar é inevitável

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sexta-feira, 31 de dezembro de 2021 - 12:13
runner restingFala, galera!

A pergunta da matéria de hoje da série PitaCoelho é do meu amigo Donald Mountford: "Quando descansar é inevitável?". A resposta parece óbvia como a da pergunta anterior, "Por que a corrida está virando um esporte popular?", mas igualmente não é. Por isso, dou o meu ponto de vista sobre o tema.

Vejo que descansar é inevitável quando estamos tão assoberbados de problemas da "vida real" que não sobra tempo pra treinar. A vida real é assim e eu encaro a corrida como parte da vida real, por isso as aspas ali em cima.

Outro fator que nos impõe descanso é quando estamos lesionados. Não podemos prever quando daremos uma topada numa raiz no meio de uma trilha e torceremos o tornozelo, mas há um tipo de lesão de cuja chegada nosso corpo nos avisa, ainda que meio silenciosamente. Só que muitos corredores que conheço são "fominhas" (inclusive eu, mea culpa) e não querem ver esses sinais que nosso corpo nos envia.

Essa "fomeagem" me custou caro. Quis passar do sofá pra meia-maratona no meu primeiro ano de corrida, sem ter a mínima condição atlética pra isso. Pior, sentindo que não tinha. Resultado: uma linda lesão no quadril, que demorou oito encarnações pra curar. Quando recebi alta, ainda ganhei uma "chamada" do ortopedista. Perguntei a ele se ainda poderia ir pra prova! Ele olhou sério pra mim e respondeu: "O que você prefere? Ir pra meia no seu primeiro ano e ficar de molho sabe-se lá quanto tempo ou esperar o ano que vem e correr pra sempre?"


E muitas vezes a causa dessas lesões silenciosas mas que a gente sente que se aproximam é uma condição chamada overtraining, ou seja, excesso de treinamento.

Algumas de suas causas:
  • Querer evoluir muito em pouco tempo: Exatamente o que aconteceu comigo. Pressa. Fingir que não está vendo que não tem condições de fazer aquilo e insistir em tentar.
  • Não dar uma pausa entre os segmentos de treinamento: O fim do ciclo geralmente é uma prova-alvo. Depois dessa prova, deve(ría)mos dar uma parada obrigatória, cujo tempo aumenta conforme aumenta a distância da prova.
  • Muito treino de velocidade: Tenho uma relação de amor e ódio com os treinos de tiro e os tempo-runs. Mentira, é só ódio, mesmo! Amor, só pelo resultado que eles proporcionam, que é o aumento do tempo em que conseguimos manter uma velocidade (sempre pros nossos padrões!) alta.
Possíveis sintomas, de acordo com estudos:
  • Aumento da frequência cardíaca em repouso: O que dificulta um diagnóstico é que esse aumento pode vir de outros fatores, como estresse, por exemplo. Mas é sempre bom (pelo menos pra mim, um maníaco por números) saber que há algo mensurável e que pode indicar a presença desse fantasma silencioso.
  • Variações de humor: Irritações em excesso, por exemplo. Outra prova de que esse troço é meio obscuro, porque as variações podem vir, por exemplo, de uma condição psicológica que não tem nada a ver com overtraining.
  • Piora no sistema imunológico: A corrida fortalece o sistema imunológico, estressando nosso organismo e "forçando-o" a trabalhar para se recuperar se fortalecer ainda mais. Só que isso acontece no descanso, e nem sempre nós, os "fominhas", damos ao nosso corpo a quantidade de descanso necessária pra que isso aconteça... um sintoma decorrente disso muitas vezes é o aumento da ocorrência de doenças, tais como gripes, resfriados, etc.
  • Padrões de sono alterados: Li que tem relação com alguma possível disfunção hormonal que o overtraining pode causar. De acordo com minhas leituras sobre o assunto, isso pode afetar os ciclos circadianos, o que explicaria a alteração.
Como sair dessa? Como prevenir?

Bom, não tem segredo, por isso, não vou ficar me alongando: descansar, comer bem, procurar um médico e muita, mas muita paciência... ah, e o principal: olhar com muita honestidade e atenção para os sinais que seu corpo te envia!

Nem todo desconforto é overtraining

é sempre bom lembrar: o desconforto, principalmente, muscular, sempre será um companheiro de quem treina, pois a corrida, assim como qualquer exercício físico, causa estresse no organismo, até mesmo se for um regenerativo em ritmo de conversa. Convém, portanto, não confundir aquela "queimadinha gostosa" nos músculos e a sensação de "perna dura" no final de um treino de tiro com uma dor que dure mais de três dias, que é o que a literatura diz que dura um desconforto de treino.

Por fim, para saber mais sobre o tema, pesquise aqui no site por overtraining.

Como diria meu primo Pernalonga, "Por hoje é só pessoal". A próxima matéria da série PitaCoelho será uma sugestão da minha amiga Cláudia Brasil: "A evolução das distâncias na corrida".

Desde já agradeço imensamente a quem respondeu meu chamado e mandou perguntas, por me dar a oportunidade de poder passar um pouco da minha visão de temas interessantes pra quem gosta de moer as canelas!

Um feliz 2022 para todos, com muita saúde, paz, amor e corridas! mrgreen

Ah, e não se esqueça: matérias novas sempre às segundas, quartas e sextas, perto do meio-dia!

Fonte: Coelho de Programa

Leia mais sobre: overtraining

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