
Fala, galera! Todo mundo que pratica a
corrida tem como um dos objetivos não se lesionar! E sobre esse tema, há quem diga que se o corredor aterrissar com o
calcanhar ao invés de com o meio ou a frente do pé, aumentamos nossa suscetibilidade às lesões.
Entretanto, artigo que traduzi do excelente site
Competitor.com sugere que talvez não seja beeeem assim. Porém, antes de prosseguirmos aquela velha frase que eu adoro:
Sou analista de sistemas, não educador físico. Portanto, meu objetivo aqui não é bater o martelo sobre o que é certo ou não, mas sim, insuflar nos meus leitores a necessidade de questionar as coisas.Dito isto, vamos à tradução, sem mais
embromation!

Pesquisa diz que pode não ser tão perigoso como nos levaram a pensar.
Mesmo que 95 por cento dos corredores instintivamente atinjam o solo com os seus calcanhares, há uma tendência crescente entre os peritos de corrida a querer convencer quem pisa primeiro com o calcanhar a aterrissar em um ponto de contato mais à frente. A mudança para um padrão de aterrissagem ao solo com a parte média e/ou dianteira do pé deve reduzir as cargas de impacto e aumentar o armazenamento e retorno de energia em nossos tendões, tornando-nos mais rápidos e eficientes. A teoria é que como nós tivemos nossos pés protegidos por sapatos por tanto tempo, nós imprudentemente começamos a aterrissar em nossos calcanhares porque não poderíamos mais sentir as perigosas forças de impacto associadas ao impacto com o calcanhar. Ao reverter para uma passada mais natural com o meio do pé, evitaremos lesões e correremos mais eficientemente.
Embora atraente,
a crença de que mudar para um ponto de contato com o meio ou a parte da frente do pé irá diminuir as taxas de lesão e melhorar a eficiência nunca foi provada. Pesquisas associando taxas de lesões a diferentes pontos de contato em mais de 1.600 corredores não mostraram diferença na incidência de lesões relacionadas à corrida entre os que aterrissam com a parte de trás e da frente do pé (
1-3). Os defensores dos padrões de aterrissagem com meio do pé citarão um estudo frequentemente referenciado publicado em Medicina e Ciência em Esportes e Exercícios mostrando que os corredores que fazem contato inicial no meio do pé têm taxas de lesões reduzidas a 50 por cento (
4). O problema com este estudo é que os 16 corredores envolvidos eram todos corredores universitários da Divisão I que auto selecionaram um padrão de aterrissagem com o meio do pé. Embora a auto seleção de um padrão de aterrissagem com o meio do pé seja boa e é muitas vezes sinal de um atleta de alto nível,
é a conversão de um corredor com uma aterrissagem natural com o calcanhar em um corredor de aterrissagem com o meio do pé que causa problemas. Na minha experiência, vejo que os corredores mais rápidos do mundo que auto selecionam padrões de aterrissagem com o meio do pé tendem a ser biomecanicamente perfeitos, com partes da frente do pé largas, arcos neutros e panturrilhas flexíveis.
Nos últimos 30 anos, notei que os corredores recreativos de pés planos que tentam fazer a transição para os padrões de aterrissagem com a parte da frente do pé tendem a ter lesões internas no pé e no tornozelo, como fascite plantar e tendinite de Aquiles, enquanto os corredores de arco alto tentam fazer a transição para um pontos de contato mais à frente frequentemente sofrem de entorse nos tornozelos e fraturas de estresse metatársico.

A razão pela qual corredores que aterrissam com o calcanhar
versus padrões de aterrissagem com o meio/frente do pé têm lesões diferentes é porque eles absorvem força em diferentes áreas. Em um estudo detalhado avaliando a biomecânica dos corredores que habitualmente aterrissam com calcanhar e com o ante pé, pesquisadores da University of Massachusetts demonstraram que
corredores que aterrissam com a parte da frente do pé absorvem mais força no tornozelo e menos no joelho (5). O contrário é verdadeiro para que aterrissa com o calcanhar. Eles tiveram tensão muscular reduzida nos tornozelos e aumentada nos joelhos. Isto é consistente com vários estudos confirmando que a escolha de aterrissagem com o calcanhar ou a parte do meio não afeta a força média presente no período de contato, apenas transfere a força para outras juntas e músculos. Esta é a versão biomecânica para "
não existe almoço de graça".
Pesquisas que avaliam o custo metabólico da corrida também não mostram nenhuma vantagem clara para um ponto de contato mais à frente. De fato, a maioria dos estudos sugere que a grande maioria dos corredores recreativos são significativamente mais eficientes com um padrão de aterrissagem de calcanhar. Em um artigo detalhado publicado no
Journal of Experimental Biology, os cientistas calcularam o torque articular, o trabalho mecânico realizado e a atividade muscular associada à alteração dos pontos de contato iniciais em várias velocidades de caminhada e corrida (
6). Os resultados deste estudo confirmaram que a caminhada com um padrão de aterrissagem de calcanhar reduziu o custo metabólico da caminhada em 53 por cento. Essa é uma enorme diferença na eficiência e explica por que quase todos os corredores lentos (que muitas vezes correm apenas um pouco mais rápido do que o ritmo de andar) fazem contato com o solo com os calcanhares. Isso contrasta com estudos que mostram que cerca de um terço dos corredores de distância mais rápidos do mundo atingem o chão com o médio-pé. (
7)
A grande questão é, os corredores rápidos são igualmente eficientes com um ponto de contato no calcanhar ou meio do pé, enquanto a maioria dos corredores recreativos são mais eficientes com um padrão de aterrissagem do calcanhar, a que velocidade o contato do calcanhar perde sua vantagem metabólica? Pesquisadores da Universidade de Massachusetts mostraram que, ao correrem no ritmo de 4:45min/km, o impacto do calcanhar era aproximadamente 6% mais eficiente do que o da aterrissagem com o meio ou o ante pé (
8). Algumas pesquisas recentes sugerem que o ritmo de 4:00min/km é o ponto de transição em que não há diferença na economia entre o calcanhar e os padrões de aterrissagem com o meio do pé (
9). Estes estudos confirmam que embora corredores altamente qualificados são eficientes ao aterrissar com a parte do meio ou da frente do pé, a maioria dos corredores recreativos são mais eficientes com um padrão de aterrissagem de calcanhar.
Dada a clara vantagem metabólica associada à aterrissagem com o calcanhar em tudo, menos às velocidades de corrida mais rápidas, não é surpreendente que, quando solicitados a avaliar o conforto entre aterrissagem com o calcanhar e ou meio do pé, corredores recreativos afirmam que um padrão de aterrissagem com a parte de trás é significativamente mais confortável (
10). A eficiência melhorada também explica por que aproximadamente 35 por cento dos corredores que migram para calçados minimalistas continuam a tocar no chão com seus calcanhares, apesar das forças de impacto amplificadas: a aterrissagem com o calcanhar é eficiente demais para se desistir dela (
11).
Antes de você considerar a mudança de uma aterrissagem com o calcanhar para uma com o meio do pé, certifique-se de que é clinicamente justificado, porque os testes padrões de aterrissagem com o meio do pé reduzem significativamente o esforço no joelho, devem ser considerados para todos os corredores que sofrem com dor recorrente do joelho. Isto é especialmente verdadeiro para os corredores mais rápidos com a parte da frente do pé larga e tendões de Aquiles flexíveis. Por outro lado, corredores com histórico lesões nos tendões de Aquiles, ante pé e ou fascites plantares quase sempre devem fazer contato inicial com o lado de fora do calcanhar, porque ao contrário do que muitos especialistas dizem, correr aterrissando com o calcanhar é seguro e eficiente. Os noventa e cinco por cento dos corredores que, naturalmente, selecionam um padrão de aterrissagem com o calcanhar não pode estar todos errado.
Sei que o assunto é controverso. Por isso mesmo, chato como sou, que gosto dele!

Para quem se interessar em se aprofundar mais no assunto, deixo as referências encontradas no texto original:
1. Kleindienst F, Campe S, Graf E, et al. Differences between fore- and rearfoot strike running patterns based on kinetics and kinematics. XXV ISBS Symposium 2007, Ouro Preto, Brazil.
2. Kleindienst, F.I. (2003). Gradierung funktioneller Sportschuhparameter am Laufschuh. Shaker. Aachen, 234-235.
3. Walther, M. (2005). Vorfußlaufen schützt nicht vor Überlastungsproblemen. Orthopädieschuhtechnik, 6, 34.
4. Daoud A, Geissler G, Wang F, Saretsky J, Daoud Y, Lieberman D. Foot strike and injury rates in endurance runners: a retrospective study. Med Sci Sports Exerc. 2012;Jul;44(7):1325-34.
5. Hamill J, Allison H. Derrick G, et al. Lower extremity joint stiffness characteristics during running with different footfall patterns. European J Sports Sci. Oct 15, 2012.
6. Cunningham C, Schilling N, Anders C et al. The influence of foot posture on the cost of transport in humans. J Experimental Biology. 2010;213:790-797.
7. Hesegawa H, Yamauchi T, Kraemer W. Foot strike patterns of runners at the 15-km point during an elitelevel half marathon. J Strength Cond. 2007;21:888-893.
8. Miller R, Russell E, Gruber A, et al. Foot-strike pattern s.election to minimize muscle energy expenditure during running: a computer simulation study. Annual meeting of American Society of Biomechanics in State College, PA, 2009.
9. Ogueta-Alday A, Rodríguez-Marroyo JA, García-López J. Rearfoot Striking Runners Are More Economical than Midfoot Strikers. Med Sci Sports Exerc. 2013 Aug 30. [Epub ahead of print]
10. Delgado T, Kubera-Shelton E, Robb R, et al. Effects of foot strike on low back posture, shock attenuation, and comfort in running. Med Sci Sports Exerc. 2013;4:490-6.
11. Goss D, Lewek M, Yu B, et al. Accuracy of self-reported foot strike patterns and loading rates associated with traditional and minimalist running shoes. Human Movement Science Research Symposium, 2012, The University of North Carolina at Chapel Hill.
E você, como aterrissa? Sente dores nas partes mencionadas no texto? Acha que é isso é por causa da maneira como aterrissa? Conta aí pra mim!
Abraços e bjs a todos!