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quinta-feira, 5 de outubro de 2017 - 13:39
runner tiredFala, galera!

Quase todos os que começam a praticar a corrida passam a ter, com o tempo, o objetivo de melhorar algum aspecto do seu desempenho no esporte: melhorar o pace, aumentar as distâncias, correr uma mesma distância se cansando menos, etc.

Nesse processo, é óbvio que às vezes nos sentimos o Denis Kimeto porque o objetivo é alcançado. Outras, o cocô-do-cavalo-do-bandido quando a maionese desanda.

Na hora da derrota bate aquela ressaca moral, dá aquela vontade de desistir, de tentar outra coisa, e é onde a geralmente pensa que o treino ou a nutrição ou o descanso podem estar errados. Mas você já parou para pensar que o problema pode estar na sua cabeça?

A reportagem que traduzo hoje, do excelente site MotivRunning, aborda a falha sob esse prisma e oferece algumas estratégias para tentar lidar com a situação da melhor forma possível. Vamos dar uma lidinha? mrgreen
Praticar um esporte implica num fardo psicológico. Ter a expectativa de seu treinador ou colegas de equipe de correr no seu melhor quando um resultado do grupo está em jogo pode ser desconfortável. Mesmo quando você trabalha com um anonimato relativo, está correndo apenas para superar seus melhores momentos ou alcançar a qualificação para a Maratona de Boston e as expectativas são quase inteiramente suas, sua própria cabeça pode lançar impedimentos para atingir a meta.

Aqueles de nós que não são corredores de elite têm sorte. Quando vamos mal numa corrida, se alguém percebe, podemos dizer: "Não foi o meu dia" ou "Não consegui manter o ritmo por algum motivo", e as pessoas aceitam essas explicações sem julgamento. Mas se você for rápido ou um membro-chave de uma equipe altamente conceituada, e você tem um "hoje não é meu dia" com o qual não consegue lidar, outras pessoas percebem.

Shalane Flanagan é uma corredora profissional que sofre uma improvável acusação de não "dar tudo" quando a corrida é "pra valer". Ela ganhou seis títulos dos EUA em cada uma das três superfícies padrão (pista, estrada e cross country). Aos 36 anos e ainda forte, sua série de recordes, medalhas e vitórias dominando a prova toda obscurecem o fato de que suas carreiras de escola secundária e universitária foram marcadas por lutas raras, mas significativas.

Apesar de estabelecer-se como um talento supremo como campeã no Marblehead High School em Massachusetts, Flanagan nunca avançou além do Foot Locker Northeast Regional Championship, caindo para 20º como júnior com uma doença gastrointestinal e oscilando para um DNF (NT: DNF = Did Not Finish, Não finalizou a corrida) como sênior - quando ela estava entre os favoritos para não apenas vencer, mas continuar reivindicando o título nacional - depois de passar a primeira milha em um ritmo suicida.

Pela Universidade da Carolina do Norte, Flanagan conseguiu um impressionante quarto lugar nos Campeonatos da NCAA e entrou nos campeonatos do outono seguinte tendo acumulado credenciais suficientemente extraordinárias para ganhar o prêmio do Corredor Nacional do Ano na noite anterior à corrida. Essa honra em grande parte levou a desandar sua corrida: um excelente impulso de meia milha na metade da corrida terminou em uma caminhada e um 22º lugar.


Após este revés, Flanagan consultou o Dr. Greg Gale, agora diretor do programa de psicologia do esporte da Duke University. Ela descreve esse processo como rápido ("duas ou três sessões"), limpo e produtivo.

"Depois de verbalizar meus medos e ansiedades, eu estava bem", ela diz.

Lição nº 1: seja honesto consigo mesmo

corredor exaustoAdmitir em voz alta que você tem os mesmos demônios que qualquer outra pessoa é a chave para matá-los. A maioria de nós provavelmente preferiria pensar que estamos mais limitados física do que mentalmente, porque não queremos pensar que não estamos prontos no dia da corrida graças a barreiras mentais incontroláveis.

O título de estrada que Flanagan não ganhou em sete tentativas até agora foi a Maratona dos Jogos Olímpicos dos EUA de 2016 em Los Angeles, que é uma corrida em condições quentes e sem sombra. Embora tenha co-liderado a maior parte da corrida, como é costume dela, sua queda dolorosa para o terceiro lugar nas últimas duas milhas foi imortalizada pelas câmeras de televisão. Pertencendo à equipe olímpica, mesmo quando estava se recuperando no final, ela já estava horrorizada com a possibilidade de enfrentar condições semelhantes nos Jogos. "Fiquei emocionada por fazer parte da equipe, mas tive medo de correr no Rio" conta Flanagan.

A resposta de Flanagan foi uma busca enérgica por toda a sabedoria que ela pudesse acumular sobre como minimizar os efeitos do calor na performance. Quando começou a Maratona Olímpica no Rio de Janeiro seis meses depois, ela havia mais do que compensado as dificuldades que conseguiram flagelá-la nesta área, apesar de não ser apenas uma competidora determinada, mas uma estudiosa. Nas condições desagradáveis esperadas, Flanagan correu para um impressionante 6º lugar em 2:25:26, apenas 1:22 atrás da vencedora.

Lição nº 2: Transforme uma deficiência percebida em uma força

"Corra com seus pontos fortes, mas treine suas fraquezas" é um mantra comum nos círculos de treinamento. Você pode ter mais controle sobre a escolha das suas corridas do que um campeão olímpico e nacional, mas não tenha medo de enfrentar treinos e corridas fora de sua zona de conforto, pois isso pode ajudar a estimular avanços. Por exemplo, se você não gosta de subidas, corra uma corrida de montanha como um treinamento alguns meses antes de uma maratona plana.

Perguntada sobre a tendência inevitável de retornar mentalmente à "cena do crime" de corridas ruins, Flanagan propõe uma política de tolerância zero, algo que ela diz que outras elites ecoaram. "Aprenda com essas corridas e tente esquecer que alguma vez elas aconteceram", ela diz com toda a certeza. Ela sugere isolar os erros cometidos em uma corrida no próprio local, o que é útil para evitar que a mente crie associações negativas com um determinado percurso ou distância, e avançando enquanto lida com esses erros.

Lição nº 3: Aprenda, mas não se demore. Exorcize seus demônios e continue.

Na escola secundária, tive uma corrida ruim no percurso que mais tarde seria usado para o New Hampshire State Championships. Na verdade, era um percurso feito para o meu estilo e gostos, e eu corria bem nele várias vezes. Mas depois de diminuir o ritmo por causa de um resfriado, eu nunca mais voltei a ser a mesma no Derryfield Park, e isso era um problema quase que inteiramente da minha cabeça.

Finalmente, Flanagan tem conselhos sucintos quando se trata da ideia básica de desistir de uma prova de atletismo quando a pressão está alta.

"Só é sufocante se o atleta achar que é sufocante. Se isso acontece, você se coloca em uma profecia autorrealizável", ela aconselha.

Isso chama a atenção para uma realidade que já foi abordada. A corrida competitiva é difícil - não apenas devido às suas demandas físicas e mentais, mas é agonizantemente difícil correr com todo o seu potencial em qualquer corrida, independentemente do seu nível de preparação. Na pista, uma desaceleração de 5% faz um corredor de quatro minutos por milha, mirando um título da NCAA, virar um corredor de 4:12 que poderia ser derrotado pelos melhores estudantes do país.

Baseie-se nisso: não importa quantas performances você tenha estabelecido, você não fez isso porque você teve sorte. Não há corridas cegas com os olhos esguichados nas corridas de longa distância. Se você quebrou seu recorde de 20:00 nos 5K um ano atrás de forma justa e seus treinos indicam que você está tão apto hoje quanto na época, você é capaz de fazê-lo novamente. Você não pode controlar o clima, as habilidades de seus concorrentes ou outras externalidades, mas você sempre pode correr com confiança. E, assim como a forma física, a confiança provém do ensaio, não apenas do talento.

Fonte: Motivrunning.com

Leia mais sobre: mental, resultado, motivação, dnf

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