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Os Amish e o Minimalismo Digital

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domingo, 22 de janeiro de 2023 - 08:34
Encerrando a série de textos que expõem e dão exemplos dos três princípios que norteiam o Minimalismo Digital, chegamos ao terceiro, que diz:

"A consciência gera satisfação. Os minimalistas digitais satisfazem-se com seu compromisso de serem conscientes em relação a como usam as novas tecnologias.".

Com isso, Cal Newport quer dizer que os minimalistas não se satisfazem com o uso das tecnologias? Para responder negativamente a essa pergunta, o autor traz o exemplo dos Amish, uma sociedade sobre a qual sempre recaiu a errônea concepção de que eram avessos à tecnologia.

De acordo com acadêmicos e pesquisadores que os estudam, o que acontece na prática é que os Amish têm uma visão bastante crítica das tecnologias, sempre se questionando se agregam ou não algo a seus valores, que são sempre o ponto de partida e de referência nas suas tomadas de decisões, atitude aliás, que deve nortear a vida de qualquer ser humano. Cal conta que Kevin Kelly, um tecnólogo que passou muito tempo com a comunidade, viu uma máquina que produz peças pneumáticas necessárias aos Amish e que custa 400 mil dólares sendo operada por uma criança de 10 anos! Como isso pode ser considerado fala de apreço pela tecnologia?

Trocando em miúdos, o que realmente acontece é que se a comunidade achar que seu uso trará mais benefícios que problemas, usam-na. Se, ao contrário, avaliarem que ela trará mais malefícios que benefícios ou que seu uso ferirá seus valores, descartam-na.

Essa sociedade leva tão a sério essa análise crítica que quando surge uma nova tecnologia, um "nerd alfa" recebe permissão para ser o primeiro e único a testá-la, sob o olhar atento da comunidade, que tenta discernir como a novidade impacta seus os valores basilares, que, como já foi dito, eles têm como seu bem mais precioso. E mesmo que o uso da tecnologia seja autorizado, haverá todo um conjunto de critérios para usá-la, sempre visando maximizar seus benefícios e minimizar seus problemas.


A decisão sobre o uso ou descarte das tecnologias é tomada por um grupo eminentemente religioso dentro da comunidade, e esse aspecto de religião numa decisão tão importante na vida dos Amish pode ser explicado por uma expressão bíblica que é o que melhor exemplifica seu estilo de vida: "Estar no mundo sem ser do mundo". E esse aspecto religioso pode levar algumas pessoas a associarem esse estilo de vida a autoritarismo ou opressão, rótulos que as ideologias conseguiram (com muito sucesso e não sem motivos, que não cabe discutir aqui), atrelar a instituições que primam por uma forte noção de hierarquia, tais como família, religião, militarismo... só que pode não ser bem assim.

Um forte indício disso está no Rumspringa, um período que começa quando o jovem Amish faz 16 anos e recebe permissão para sair da comunidade e viver no mundo lá fora, sem as restrições da comunidade. Cabe também a ele a decisão de voltar para a comunidade ou permanecer no mundo "livre". Segundo cálculos de um sociólogo, o percentual de volta para casa é de 80 a 90%.

Sugiro que o leitor se faça algumas perguntas: Viver com as restrições, afinal, é tão ruim assim? Será que 80% dos jovens Amish sofrem lavagem cerebral? Caso conseguisse fugir, você voltaria de Miami para a ditadura cubana num barquinho de garrafa pet, arriscando-se novamente a virar lanchinho de tubarão?

Tá, o exemplo de Cuba foi péssimo, esqueci que o que há lá é um "efefo de democrafia". Voltemos ao Minimalismo Digital, que evitar assuntos de política é bom e conserva os dentes. Finalizando, podemos resumir o terceiro princípio de seguinte forma: A satisfação em dominar suas atitudes frente à tecnologia será sempre maior que algum inconveniente que não usá-la poderia provocar, e esse domínio é consequência direta da consciência no seu uso.

Se essa consciência ainda não está arraigada em sua mente, uma boa dica de exercício é: Antes de abrir um aplicativo, faça a si mesmo perguntas do tipo: "O que vou fazer aqui? Para que estou abrindo este aplicativo? Quando tempo pretendo ficar nele?"

Este texto é o último onde foi abordado o "o que". Nos próximos, começará a ser respondida a pergunta de um milhão de quilos de picanha: "Como?".

Um abraço e até a próxima!

Fonte: Coelho de Programa

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